7.3. Preparando Sistemas de Arquivos Virtuais do Núcleo

Os aplicativos executando no espaço do(a) usuário(a) utilizam vários sistemas de arquivos criados pelo núcleo para comunicar com o próprio núcleo. Esses sistemas de arquivos são virtuais: nenhum espaço em disco é usado por eles. O conteúdo desses sistemas de arquivos reside em memória. Esses sistemas de arquivos precisam estar montados na árvore de diretórios $LFS, de modo que os aplicativos consigam encontrá-los no ambiente chroot.

Comece criando os diretórios nos quais esses sistemas de arquivos virtuais serão montados:

mkdir -pv $LFS/{dev,proc,sys,run}

7.3.1. Montando e Povoando /dev

Durante uma inicialização normal de um sistema LFS, o núcleo automaticamente monta o sistema de arquivos devtmpfs no diretório /dev; o núcleo cria nós de dispositivo naquele sistema de arquivos virtuais durante o processo de inicialização ou quando um dispositivo for primeiro detectado ou acessado. O daemon udev possivelmente mude a propriedade ou as permissões dos nós de dispositivo criados pelo núcleo e crie novos nós de dispositivo ou links simbólicos para facilitar o trabalho dos(as) mantenedores(as) de distribuição e de administradores(as) de sistema. (Veja-se o Seção 9.3.2.2, “Criação de Nó de Dispositivo” para detalhes). Se o núcleo do anfitrião suportar devtmpfs, [então] nós podemos simplesmente montar um devtmpfs em $LFS/dev e confiar no núcleo para povoá-lo.

Porém, alguns núcleos de anfitrião carecem de suporte a devtmpfs; essas distribuições anfitriãs usam métodos diferentes para criar o conteúdo do /dev. Assim, a única maneira agnóstica ao anfitrião para povoar o diretório $LFS/dev é a de montar vinculadamente o diretório /dev do sistema anfitrião. Uma montagem vinculada é um tipo especial de montagem que produz uma sub árvore de diretórios ou de um arquivo visível em algum outro local. Use o seguinte comando para fazer isso.

mount -v --bind /dev $LFS/dev

7.3.2. Montando Sistemas de Arquivos Virtuais do Núcleo

Agora monte os restantes sistemas de arquivos virtuais do núcleo:

mount -vt devpts devpts -o gid=5,mode=0620 $LFS/dev/pts
mount -vt proc proc $LFS/proc
mount -vt sysfs sysfs $LFS/sys
mount -vt tmpfs tmpfs $LFS/run

O significado das opções de montagem para devpts:

gid=5

Isso garante que todos os nós de dispositivos criados pelo devpts são titularizados pelo ID de grupo 5. Esse é o ID que usaremos mais tarde para o grupo tty. Nós usamos o ID de grupo em vez de um nome, pois o sistema anfitrião pode usar um ID diferente para o grupo tty dele.

mode=0620

Isso garante que todos os nós de dispositivos criados pelo devpts tenham o modo 0620 (legível e escrevível por usuário(a), escrevível por grupo). Juntamente com a opção acima, isso garante que o devpts criará nós de dispositivos que atendam às exigências de grantpt(), significando que o binário auxiliar da Glibc pt_chown (que não é instalado por padrão) não é necessário.

Em alguns sistemas anfitriões, /dev/shm é um link simbólico para um diretório, tipicamente /run/shm. O tmpfs do /run foi montado acima, de modo que, nesse caso, somente um diretório precisa ser criado com as permissões corretas.

Em outros sistemas anfitriões, /dev/shm é um ponto de montagem para um tmpfs. Nesse caso, a montagem do /dev acima somente criará /dev/shm como um diretório no ambiente chroot. Nessa situação, nós precisamos montar explicitamente um tmpfs:

if [ -h $LFS/dev/shm ]; then
  install -v -d -m 1777 $LFS$(realpath /dev/shm)
else
  mount -vt tmpfs -o nosuid,nodev tmpfs $LFS/dev/shm
fi